Quarta-feira, 17 de Junho de 2009

"Emort" - Continuação

Olá...

Bem aqui vai a continuação da minha história, mais precisamente o início do 1º capítulo.

Espero que gostem... Não deixem de ler o prefácio, se ainda não o fizeram! E não se esqueçam das outras histórias deste blog, pois são fantásticas e enfeitiçam qualquer um...

 

 

Capítulo I

Sentimento Inventado

 

Ouço o primeiro chilrear dos pássaros através das janelas fechadas do meu quarto.

Sinto-me cansada, apesar de ter dormido perfeitamente bem. Pelo ambiente pesado que paira no meu pequeno quarto, espera-me outro dia anormalmente quente de Outono.

Abri a persiana do meu quarto, não muito, pois já estava significativamente aberta, nunca a fecho completamente devido ao meu medo terrível do escuro. Por deixar entrar a claridade cedo demais, acordo sempre demasiado cedo, o que me deixa tempo suficiente para, durante a semana, levantar-me, arrumar o quarto, vestir-me e preparar-me para a escola, e, no fim – de – semana, para programar o meu dia.

Nunca fui pessoa de andar sempre por aqui ou por ali, prefiro estar em casa, no meu cantinho, a fazer as minhas coisas; desta forma, vivo a minha vida e não chateio ninguém com a minha mediocridade.

- Sarah! – ouço a minha mãe chamar-me da cozinha.

- Desço já – respondo com o meu habitual tom de voz medíocre.

A minha mãe Elizabeth, sempre fora uma mulher muito alegre. Ao contrário de mim, vê-la com um sorriso nos lábios já era habitual, já fazia parte de si. Todas as manhãs, quando chego à nossa acolhedora cozinha, vejo-a sempre da mesma forma: de avental, cada dia uma cor diferente, o seu cabelo louro escuro apanhado num rabo - de – cavalo cuidadosamente penteado, e uma ligeira mas belíssima maquilhagem na sua cara lívida.

- Bom dia… Então, preparada para o teu primeiro dia no secundário? Deves estar ansiosa, não? – esboçou um largo sorriso enquanto me enchia de perguntas logo pela manhã.

- Hum, nem por isso… Não fico muito entusiasmada com estas coisas. É apenas mais uma fase da minha vida que tenho de cumprir… - o largo sorriso de Elizabeth rapidamente se transformara numa leve amostra de sorriso.

- Às vezes pergunto-me porque não és mais… alegre! – não estava com disposição para ouvir aquele discurso – Sabes, Sarah, querida, a vida é um caixa de surpresas, mas se tu não te deixares surpreender, nunca saberás distinguir a felicidade da tristeza.

- Sou feliz como sou! – O meu tom de voz pôs fim à nossa conversa.

Enquanto comia os meus cereais num movimento de rotina, observava, pelo canto do olho, a expressão de Elizabeth enquanto tomava o seu habitual galão e comia as suas habituais torradas com manteiga e marmelada. Estava triste! Senti-me culpada, pois era por causa da minha maneira de ser que ela ficava assim. Tal como fazia sempre, ignorei – a, levantei-me cuidadosamente, arrumei o que tinha desarrumado e contornei a mesa redonda da apertada cozinha em direcção à porta.

-  Até logo… - disse com uma voz sem vida.

- Até logo, querida! – respondeu-me com um tom de voz alegre como se nada tivesse acontecido.

Ao contrário do que acontecia no ensino básico, não tinha de apanhar quaisquer autocarros para a escola, pois morava três casas acima do secundário.

Era uma vila pacata, casas dum lado e do outro, todas parecidas, não muito grandes e com um pequeno jardim à frente, passeios cobertos de relva e grandes árvores que proporcionavam uma sombra agradável e um óptimo local para crianças brincarem umas com as outras e vizinhos conviverem entre si. Um cenário perfeito, colorido e alegre. Todas as pessoas que ali moravam encaixavam-se perfeitamente naquela tela, excepto eu. Eu era a mancha cinzenta naquele colorido quadro, a nuvem negra, num céu azul limpo.

Entrei pelos portões da humilde e alegre escola, mais um edifício típico da perfeita vila de Naperville. Apesar de viver perto da escola secundária, não conhecia nenhuma das caras que passavam por mim e me olhavam com um olhar desconhecido. Que sensação maravilhosa!

Enquanto caminhava e penetrava na escola, era observada por este e por aquele constantemente. Sabia que me destacava de todas as pessoas daquela vila, por não transparecer alegria e luz. Muito pelo contrário! De mim apenas provinha mediocridade e escuridão. Era pálida e magra, o que me destacava de todas as outras raparigas morenas e bem constituídas, jeitosas. Não era gótica, longe de mim ser assim, pois detestava a escuridão, mas também não vestia roupas vistosas e espalhafatosas, apenas vestia-me como me sentia melhor: simples e discreta.

Sempre que me levantava todas as manhãs, tinha um único lema na minha mente: passar despercebida! Fazia tudo o que podia para que ninguém reparasse em mim, fosse onde fosse, até mesmo na minha própria casa. Evitava falar, apenas o fazia quando era necessário, tratava das minhas coisas sem pedir ajuda a ninguém – arrumava o meu quarto e o que sujava ou desarrumava no resto da casa, fazia os meus trabalhos escolares, e nos meus tempos livres fazia o que mais gostava: desenhar!

Era através dos meus desenhos, da minha própria arte que transpunha o meu mundo para o papel, num movimento fácil com o lápis, num movimento quase automático para o meu braço já habituado.

- Bem – vindos a mais um ano lectivo, ligeiramente diferente, pois é o vosso primeiro ano lectivo no Ensino Secundário, desejo-vos desde já boa sorte! – saudou-nos o nosso Director de Turma, o Professor Davis.

Quando ouvi a campainha tocar, saí automaticamente da sala, sem saber para onde me dirigir, sem saber por quem procurar, apenas sabendo que não tinha ninguém à minha espera no bar da escola ou nos cacifos, ninguém para me perguntar como tinham sido as férias ou como tinha corrido a minha primeira aula. Nenhum amigo.

Estava sentada sozinha numa mesa no bar, com o meu habitual bloco de desenho e o meu lápis de carvão. Não desenhava, apenas observava o ambiente à minha volta, com e intenção de poder encontrar alguém minimamente decente com quem pudesse passar algum do meu tempo morto na escola.

Ninguém! Eram todos iguais, pareciam um exército de robôs. As raparigas eram todas iguais – morenas, bonitas, alegres, bem jeitosas e todas com roupas e estilos parecidos – os rapazes – a mesma coisa, todos bem-dispostos, bonitos, com a mesma tonalidade de pele dourada que as raparigas, e com estilos bastante parecidos entre si. Não havia ninguém que se destacasse. Para os meus olhos, eram todos iguais, não me diziam nada.

Estava prestes a levantar-me para entrar nas aulas da tarde quando um barulho forte atinge os meus tímpanos. Sabia que não era um som agradável nem positivo, sabia que o odiava e que uma vez, há muito tempo mudara a minha vida, mas por alguma razão naquele momento não conseguia raciocinar, não ouvia nada, apenas o eco do forte som que me paralisou. Comecei a voltar a mim e comecei a ouvir gritos de dor, agonia e desespero. Olhei à minha volta e os robôs, que ainda à pouco tinha estado a observar, alegres e reluzentes, corriam agora, desesperados e desastrados dum lado para o outro, na tentativa de se esconderem, ou melhor – de se protegerem.

O bar, que era um local agradável e alegre, rapidamente se transformou num cenário de guerra horrível. O terror tinha acabado de invadir a comunidade escolar. Estávamos a ser atacados.

 

 

Continua...

 

sinto-me: Inspirada
música: Jon Bon Jovi - It's My life
publicado por Diana às 20:40

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De Maria a 17 de Junho de 2009 às 21:25
Não sei se sou a primeira a fazer um comentário , mas se assim for inda bem =)

Bem estou sem palavras , deixast.m na expectatica e completamente ansiosa por mais , agora quero asaber o que aconteceu assim de tão terrivel...

Parabéns, beijinhos*
Maria.V
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De
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