Sexta-feira, 12 de Junho de 2009

"My Story" por Priscila Magalhães

Olá...

Bem aqui estou para vos dar mais uma história. Esta é da Priscila Magalhães, que tem 18 anos e adora escrever.

O título que é apresentado não é o definitivo, pois a Priscila só irá dar um título à história quando a terminar...

Mais uma vez não se esqueçam de comentar e não deixem de divulgar os escritores Meyer...

Esperemos que gostem, olhem eu ADOREI! 

 

 

 

*

"Procurei as chaves de casa dentro da minha mala de pano que trazia debaixo do ombro. Fiquei grata, assim que entrei, por os meus pais terem decidido ir passar o fim-de-semana à nossa casa de campo, pormenor e sorte com que não esperava contar. Pousei a mala sobre a consola, que se encontrava encostada à parede do lado direito, a alguns passos de distância da porta de entrada, e subi as escadas dirigindo-me ao meu quarto. Entrei e, sem necessidade, fechei a porta.

O vazio apoderou-se do meu corpo e do meu espírito. O que desde manhã tentei impedir que me perturbasse enquanto estive na companhia de outrem, assim que me encontrei sozinha, todos os meus esforços foram em vão. Deixei-me cair de joelhos no soalho de madeira e baixei a minha guarda, deixando o caminho livre para os meus fantasmas voltarem a povoar a minha mente. Deixei-me ficar sem tentar resistir mais. Encostei-me e repousei, primeiro as costas, e depois a cabeça de encontro à parede fria. Apesar do alvoroço que ocorria dentro do meu crânio, um arrepio percorreu-me a coluna, de alto a baixo, no momento de contacto da mesma com a parede, que me relaxou fisicamente.

Conseguia avistar pela janela do meu quarto a noite que já se havia instalado, o que só significava uma coisa – pelo menos agora podia sucumbir ao sofrimento sem que ninguém me visse fazê-lo.

 

 

*
À Beira da Loucura
 

Alison entrou no duche. Precisava urgentemente de se refrescar, de sentir a água fria a acariciar-lhe o corpo, precisava de algo que, durante um instante, lhe trouxesse algum reconforto, algum alívio.

Durante um longo momento, Alison ali ficou, como se mais nada interessasse. Viajou para outra dimensão, onde ninguém a pudesse ver, onde ninguém a pudesse julgar, onde ninguém a pudesse criticar. Os seus cabelos uma vez secos, encontravam-se agora encharcados, colados aleatoriamente em redor do seu rosto anguloso. Ficou embrenhada nos seus pensamentos durante um longo momento. O telefone tocou. Subitamente, regressou à dura realidade. Deixou o mundo dos sonhos e, apressadamente, rodou a torneira e vestiu um roupão para se dirigir ao telefone. O sol estava prestes a fundir-se com o horizonte, deixando apenas visível as silhuetas dos prédios que se podiam avistar pela janela da sala. No seu percurso pelas divisões deixou, no soalho de madeira escuro, pequenas gotas de água e o decalque aguado dos seus pés. Correu para atender o telefone, que insistia em tocar, como se esperasse a chamada de alguém ansiosamente. Ao pegar no auscultador, a sua expressão mudou instantaneamente, como se do diabo se tratasse… Bem, o que não estava muito longe da realidade. Do outro lado da linha encontrava-se o seu ex-namorado com o qual tinha rompido a relação nesse mesmo dia. Assim que este proferiu a primeira palavra, uma tímida lágrima rasgou a bonita face de Alison indo repousar sobre a consola onde o telefone se encontrava pousado. Podia vislumbrar-se, no seu rosto, um culminar de emoções; via-se, perfeitamente, uma réstia de dor, mas as emoções predominantes eram, sem sombra de dúvida, raiva e repulsa, como se não acreditasse no que acabara de acontecer.

Ouviu-se o leve pousar do auscultador sobre o telefone.

Alison Hoffman era uma adolescente de dezassete anos que se encontrava a acabar o secundário, mais propriamente o seu 12º ano. No campo escolar, tudo ia de vento em popa, sendo ela boa aluna, entraria com certeza em qualquer curso para o qual concorresse na faculdade, pois esta ainda estava indecisa nesse campo, apesar de estar inclinada para o curso de comunicação social. No que tocava ao campo emocional, já não era bem assim. Alison namorava com Richard à pouco mais de seis meses e, até ao presente dia, tudo parecia correr bem. Esta sentia-se amada e, a cada dia que passava, se sentia mais próxima e mais ligada a ele. Tudo corria bem até hoje.

Nessa manhã algo de estranho aconteceu. Alison, que era uma jovem atraente e respeitada pela maioria por se apresentar como uma pessoa confiante de si mesma, assim que esta passou o portão da escola, todos pareciam cochichar e rir de si à medida que esta passava. Não percebendo o que se passava, tentou, sem sucesso, dirigir-se a vários grupos de alunos de forma a ser esclarecida, mas ao invés de ser elucidada, estes apenas se afastavam dela e riam agora a altas gargalhadas. Alison, que nunca tinha sido tão humilhada como estava a acontecer nesse momento, perguntava-se qual seria o motivo de tanta chacota. Passou, então, apressadamente, por entre toda aquela multidão pensando que queria encontrar, o mais depressa possível, os seus amigos e, é claro, o seu namorado, para verificar se estes sabiam o que se estava a passar.

 Alison percorreu com o olhar todo o pátio da escola o mais depressa que lhe foi permitido e, finalmente, após alguns minutos sufocantes, por cima de todas as cabecinhas dos alunos em alvoroço, conseguiu vislumbrar uma das suas amigas, Sarah. Alison correu na sua direcção como nunca o fizera antes e, quando esta estava a apenas alguns metros de Sarah, esta virou-se também na sua direcção com os seus olhos azuis brilhantes e um ar preocupado. À medida que se foi aproximando, apercebeu-se que, pela expressão de Sarah, esta tinha conhecimento do motivo de todas aquelas risadas. Assim que estavam a apenas alguns centímetros uma da outra, antes que Alison pudesse proferir algo, Sarah adiantou-se a ela, agarrou-lhe as duas mãos com força, puxando-a para si e dizendo que já sabia o que tinha acontecido na noite passada e que lamentava imenso o ocorrido. Nesse momento, um ar espantado e, simultaneamente, confuso, invadiu a face de Alison, afinal o que tinha acontecido na noite passada? Ao ver o ar interrogativo de Alison, Sarah apercebeu-se que esta ainda não estava a par do sucedido. Assim sendo, Sarah tentou, da melhor forma que lhe foi possível, transmiti-lo. Desta forma proferiu:

- Lamento ter que ser eu a dizer-te isto mas, pelo que soube, ontem à noite, o Richard foi encontrar-se com a Nicole e… - Sarah hesitou. Desviou o olhar da amiga com medo da sua reacção e continuou:

- … E eles beijaram-se. Soube também que é algo que se tem vindo a repetir há já quase dois meses – concluiu ela rapidamente.

O choque apoderou-se das belas feições de Alison. O seu mundo acabara de se desmoronar. Não sabia o que pensar de tudo aquilo. Naquele momento apeteceu-lhe gritar alto e bom som para todos ouvirem a angústia que ia dentro do seu peito. Foi enganada e nunca se tinha apercebido. Nunca se tinha apercebido desta faceta de Richard.

Lágrimas brotaram dos seus grandes olhos verdes. Afastou o seu longo cabelo da face, deixando vislumbrar as gotas que se precipitavam em sair, secando-as com a manga do casaco prontamente. Ela não tinha que se envergonhar de ter sido traída, a única pessoa que realmente tinha que ter vergonha era Richard, afinal, foi ele quem cometeu o erro e não ela, a única vergonha que ela tinha que sentir era em ter sido tão cega ao longo de todo o tempo que tinham passado juntos. Como era possível ter-se deixado enganar tão bem por uns olhos castanhos, que sempre tinha acreditado serem sinceros, e por um sorriso sedutor, que a única coisa que sabia dizer era ‘ Não te preocupes com nada querida, sabes que eu só tenho olhos para ti…’ Como era possível ter sido tão parva?

Alison foi inundada por uma onda de emoções, abalando a sua já baixa auto-estima, que ninguém tinha conhecimento para além dela mesma. Perante todos os outros, Alison sempre se mostrou, de forma bastante convincente, como alguém muito seguro de si mesmo, com a vida inteira pela frente, meticulosamente traçada e planeada. Sempre que esta se deparava com situações menos agradáveis no seu dia-a-dia, toda a sua convicção e determinação relativamente ao seu futuro, tanto emocional como profissional, era abalado. Apesar de Alison sempre se ter considerado uma pessoa persistente, a sua reacção imediata, instantânea e irracional sempre foi ceder aos seus medos e emoções, deixando que uma nuvem negra viesse povoar o seu espírito e pensamento, proporcionando-lhe pessimismo e derrota. O seu pouco à vontade com o seu aspecto e com o seu corpo, nestas alturas, era-lhe quase totalmente intolerável e a rejeição por parte…dele, ela já nem mentalmente conseguia proferir o seu nome, só vinha somar mais uma situação a tantas outras que insistiam em permanecer na mente de Alison, mantendo-se no seu inconsciente, e assombrando-a nestes momentos de maior tensão. Contudo, não iria permitir, mais uma vez, que as pessoas tomassem conhecimento das suas mais profundas insatisfações consigo própria e com os outros, exigindo, portanto, a si mesma, com as poucas forças que possuía ainda naquele momento, que todas as recordações voltassem para o sítio que sempre tomaram, de forma que esta pudesse, novamente, recuperar o controlo da sua mente, dos seus movimentos, do seu corpo.

Sentiu uma pontada de dor nos joelhos, apercebendo-se, portanto, que teria caído no chão alcatroado da sua escola. Ficou, durante um momento, confusa com toda a claridade que provinha do sol e que penetrava por entre as pestanas dos seus olhos entreabertos, que por mais estranho que pareça, não se lembrava de ter notado quando, momentos antes, tinha entrado na escola. Permaneceu, no entanto, na anterior posição apesar das dores que sentia, quando se apercebeu que se encontrava com a cabeça apoiada nas mãos, tal era a dor que as suas assombrações lhe provocaram.

Foi desviada da confusão, que era naquele momento a sua mente, quando a voz de Sarah a trouxe de volta à realidade. Esta exibia uma voz preocupada que coincidia perfeitamente com a expressão espelhada no seu rosto. A princípio, não conseguia perceber nem distinguir uma única palavra que ela lhe dizia, parecendo que tudo se resumia, apenas, a sons sem conexão, como se Sarah ainda não soubesse falar. Decorridos alguns segundos, focou a sua atenção nos lábios de Sarah, tentando fazer coincidir os barulhos desconexos produzidos com o movimento de abrir e fechar dos mesmos. Então, tudo se tornou claro, como se alguém lhe tivesse tirado o algodão dos ouvidos que impedia Alison de a compreender. A sua expressão agora mais aflita do que anteriormente, chamava o seu nome sem cessar, cada vez mais alto, tentando, desesperadamente, chamá-la de novo à vida. Quando, finalmente, Alison percebeu aquilo que Sarah dizia, pediu-lhe simplesmente para parar ao que a última respondeu:

- Alison, estava a ficar preocupada, estou aqui há um bocado a tentar falar contigo, tu limitavas-te a olhar para mim mas… os teus olhos parecia que não tinham vida, e então tu cais-te de joelhos, levaste as mãos à cabeça e produziste um gemido de dor, não física, algo muito mais profundo, e, apesar do teu embate com o chão ter sido bastante estrondoso, pareces-te nem notar.

Fez-se uma pausa. Entreolharam-se.

- Estás bem? – inquiriu a última, expirando sonoramente.

- Estou – mentiu Alison prontamente – apenas senti uma dor muito intensa na cabeça, na zona das têmporas, não ando a dormir muito bem nestes últimos dias – acrescentou.

O que lhe disse pareceu acalmá-la um pouco, mas apercebeu-se que não a tinha convencido totalmente pois a tensão que se instalara nos músculos junto ao seu pescoço não se relaxaram na totalidade, por isso acrescentou:

- Depois conto-te – sem se comprometer que a conversa acontecesse brevemente. Finalmente, pareceu convencê-la pois esta adoptou, automaticamente, uma posição mais relaxada perante a promessa que Alison não tinha intenções de cumprir.

- Vamos para a aula? – questionou Sarah, agora já com um tímido sorriso a rasgar-lhe o rosto, ao que Alison lhe respondeu abanando afirmativamente com a cabeça, quase maquinalmente.

 

---
 
 
A memória que mantenho do meu dia presente é algo bastante difuso e enublado. Mantive-me por perto de Sarah em todas as aulas, intervalos e hora de almoço não me esforçando muito por me manter concentrada em nenhuma aula nem em nenhuma conversa em particular. Só tomei real consciência de onde me encontrava quando a água fria que saía do chuveiro me surpreendeu, ao entrar em contacto com a minha pele, levemente bronzeada e tensa.

Por algum motivo estranho, o meu corpo e inconsciente, conseguiram guiar-me até casa sem eu me ter realmente apercebido disso."

 

 

Continua...

publicado por Diana às 19:45

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De inês (vampiregirl) a 13 de Junho de 2009 às 22:19
olá!!!
Adorei a história e tens imenso jeito para escrever... foi fantástico foi como se eu estivesse mesmo lá a ver a pobre allison a sofrer... espero que continues... mal posso esperar para ler o resto..
BJS
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